CADE Aprova Fusão Petz-Cobasi, Mas Concorrência Alerta para Risco de Monopólio

SÃO PAULO – A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG/Cade) deu sinal verde para a fusão entre Petz e Cobasi, as duas maiores redes de varejo para pets do Brasil. A decisão, publicada recentemente, aprova a criação de uma gigante com faturamento combinado estimado em R$ 7 bilhões, sem impor restrições iniciais. No entanto, a novela está longe do fim, com concorrentes levantando bandeiras vermelhas sobre o potencial impacto no mercado.

A Visão do Regulador: Mercado Dinâmico e Aberto

Na avaliação da SG/Cade, a união das líderes, embora gere concentração em algumas praças, não representa uma ameaça substancial à concorrência. O órgão regulador baseou sua decisão em alguns pilares principais:


Pulverização e Diversidade: O mercado pet brasileiro é um ecossistema vibrante, composto por uma miríade de players – desde as grandes redes e marketplaces online até supermercados, agrolojas e milhares de petshops de bairro. Essa diversidade, segundo o Cade, cria uma pressão competitiva natural que limitaria o poder da nova empresa.


Baixas Barreiras à Entrada: O dinamismo do setor, com novas lojas surgindo constantemente, sinaliza que não há grandes obstáculos para quem quer empreender na área. Isso facilitaria a contestação de qualquer tentativa de abuso de poder de mercado pela empresa fusionada.


Impacto Limitado em Serviços: Nos segmentos de serviços veterinários e de estética animal, a atuação conjunta das empresas foi considerada residual, sem gerar preocupações.

Em suma, a SG/Cade aposta na resiliência e na competitividade intrínseca do mercado para absorver a fusão sem grandes traumas para o consumidor ou para a livre concorrência.

A Controvérsia: O Fantasma do Monopólio Regional

Apesar do otimismo do órgão regulador, a aprovação não foi unânime no mercado. A Petlove, terceira maior força do varejo pet nacional, entrou formalmente no processo como “terceira interessada”, uma figura jurídica que lhe permite contestar a decisão e levar o caso ao Tribunal do Cade.

As preocupações da Petlove centram-se no risco de concentração excessiva, especialmente no modelo de “superstores” que caracteriza Petz e Cobasi. Os argumentos contrários incluem:


Definição de Mercado Questionada: A Petlove alega que comparar suas lojas com petshops de bairro, que possuem sortimento muito menor, subestima o real poder de mercado da empresa combinada. Em muitas regiões, a fusão poderia eliminar a principal alternativa no formato de grandes lojas.


Risco de Distorções: A concentração poderia levar a aumentos de preços, menor variedade de produtos e desestímulo à inovação, prejudicando consumidores e pequenos concorrentes.


Poder de Barganha: A nova gigante teria um poder de negociação significativamente maior com fornecedores, dificultando potencialmente a vida dos rivais menores.

Próximos Capítulos

A decisão da SG/Cade abre um prazo de 15 dias para que terceiros interessados, como a Petlove, ou mesmo conselheiros do próprio Cade, apresentem recursos ao Tribunal do órgão. Caso isso ocorra, a análise será aprofundada, podendo levar meses e resultar na manutenção da aprovação, na imposição de restrições (como venda de lojas em certas áreas) ou até mesmo na rejeição da fusão.

O mercado acompanha atento os desdobramentos. A fusão Petz-Cobasi redesenha o mapa do varejo pet no Brasil, mas a batalha regulatória e a pressão da concorrência indicam que a consolidação desse novo gigante ainda enfrentará obstáculos importantes.

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by Luciano Brito